segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Sombras e vento



O mundo me enche de certezas, depois me cobre de dúvidas. Eu queria saber aonde estão as respostas. Aonde estão as palavras que meus ouvidos tanto procuram ouvir? Aqui dentro dessa casa velha, envolto dessas paredes rachadas de lembranças, eu vejo todos lá fora vivendo, amando, sofrendo, morrendo. Eu sei que as luzes dessa cidade me encantam. Eu sei que as luzes dos seus olhos me encantam mais. Tudo parece estar apagado quando eles se abrem. É como se eles fossem minha única luz, minha única saída.
Mas do que estou fugindo, para me refugiar na luz deles? Estou fugindo da minha própria sombra, esperando que uma luz maior possa apagá-la de mim. Eu vejo a vida passando, me dando a mão pra me levar junto dela, ás vezes eu prefiro me rebelar. Eu ainda vivo no meu casulo, preso na mesma árvore de pensamentos que me alimentei quando era uma lagarta. Eu preciso voar, descobrir outras árvores. Por que você não se torna o vento e me leva daqui? Já que sou tão pequeno, tão leve, então leve.
Eu sinto frio. Sinto frio no inferno.



® Saulo Ribeiro